25 de dezembro de 2012

Quando a gente aprende a perder

Sem título

Desde que eu era bem pequena, meus pais sempre me ensinaram uma porção de coisas importantes: não deixar a toalha molhada em cima da cama, não enfiar o dedo na tomada e respeitar os mais velhos. Nunca tive problemas com esse tipo de coisa, confesso. Muito menos com aprender a perder.

Quando falo em perder, aposto que vocês logo se lembram de campeonatos ou pequenas partidas. Certo? De como as coisas não deram muito certo, e você acabou xingando o seu adversário e até a pobrezinha da mãe do juiz. Que papo é esse de que o importante é competir, afinal? Bem, eu nunca liguei muito pra essa loucura toda de competição, seja em esportes ou nota. Ou status. Ou qualquer baboseira "aborressível".

O legal de perder, com meus pais, é que eu sempre ganhava picolé no final das contas. Mas ao contrário do que vocês estejam pensando, o picolé nunca foi encarado como prêmio de consolação e sim, o meu verdadeiro prêmio. Sem fitas e sem nada reluzente mesmo! Apenas uma embalagem de plástico me fazia querer saltitar do lugar que fosse até o próximo ponto de ônibus. Em minha concepção leiga, esse era "o importante é competir".

Novamente, desde pequena, compreendia que há algo além de ganhar ou perder. Não sou hipócrita. Deixar de ganhar um carro zero ou bilhões de reais dói. Mas só no bolso, viu? E quem sabe, no ego também. Perder algo que nunca se teve, assim como no amor, é terrível! Mas nada que o tempo não resolva. Ou outra competição. Essa história toda é um verdadeiro lupe, vai por mim.

Se há quem veja algo de fenomenal em ganhar, seja algo ou de alguém, eu vejo algo interessantíssimo em perder: se eu perder alguns quilos e só, posso me considerar saudável. Se eu perder o sono, posso começar a ler um bom livro que foi esquecido na estante. Se eu perder um amor, eu nunca o tive. Nunca foi.

Se eu perder a hora, eu ganho agilidade. Se eu perder hoje e depois, alguma hora eu ganho. Um abraço, um perdão, um "sim" ou uma promoção do chefe carrancudo. Até dinheiro! Um hora ou outra, a gente deixa de ganhar sim, mas em nenhum momento a gente sempre perde. A rotina pede descanso nessas horas, afinal, ganhar sempre é uma perda de tempo e ganhar o tempo todo, não muda nada.

E é aí que a gente perde. Quando nada muda, a gente perde, não aprende e fica estagnado na ignorância. Não perde, mas também não ganha.

Por isso me deixa perder a paciência com o meu ex, deixa eu perder o ônibus e a conta de luz. Deixa eu perder a calma, perder o ânimo e a cabeça por um amor platônico. Perder as esperanças e todo o resto! Deixe-me perder em paz. Até os cabelos; Eu não sei de que forma, mas a gente aprende tanto com o temido "perder" que acho, às vezes, bem melhor que ganhar.

O que ganhei não veio de nenhuma competição, mas tenho certeza de que se eu perdi, algo aprendi. Aprendi a ver a vida por todos os impossíveis lados da moeda e de como me portar no lugar de "vencedora" e "perdedora", imposto pela sociedade. Agir com sabedoria nas duas situações, sem menosprezar ninguém e muito menos a mim, porque a verdade mesmo é que não existem competições.

Ou você aprende, ou não. O verdadeiro vencedor é aquele que aprende com a perda, e o perdedor é aquele egocêntrico que não mudará de ideia ao ponto final desse texto.

O sabor da vitória pode ser altamente viciante, mas a perda ou aprendizado, como preferirem agora, varia. Assim como os infinitos sabores do picolé. E é esse infinito de possibilidades que nos impulsiona, nos tira do sofá e nos faz querer fazer coisas incríveis. Deixando de lado a preguiça e tirando de lá do fundo aquela esperança que eu e vocês achávamos que estava em falta. Mas sempre esteve alí. Tímida. Frágil, mas que de repente, ganha uma força imensurável.

Ganhamos força e se em algum momento a gente perde a garra, aprendemos a seguir. Em frente, sempre. Não recue. Deixa o passado empoeirar e vai! Porque o desconhecido nos dá forças para continuar e assim, vencer mesmo perdendo.

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