29 de março de 2013

A culpa (não é sua)

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Vocês dois saíram para jantar. Você é claro, usou seu melhor vestido: aquele que bate na altura dos joelhos,   sem mangas e que estava guardadinho no armário, esperando por uma ocasião bem especial. Pouca maquiagem, cabelo solto e um sorriso otimista.

Tudo foi perfeito: ele quis saber da sua vida, das suas preferências e opiniões. Fez você sorrir de orgulho com as conquistas dele e a impressionou com o amor que ele sente por todos os amigos, família e labrador desastrado, mas que é um ótimo companheiro. Quem não se encantaria também por aquele belo par de olhos castanhos? Até eu pediria licença para admirá-los.

Enquanto conversavam, ele jogou o cabelo por várias vezes. Você, em seu canto, só conseguia pensar em "sim, ele gosta mesmo de mim" e sorria de volta, em resposta as jogadas de cabelo. Depois dos sinais, vocês começaram a criticar a política nojenta, as dores de cabeça no meio da noite e as saias da moda que outras meninas usavam equivocadamente na altura dos seios. Ele riu das suas caretas e apreciou sua paixão por suco de abacaxi com hortelã enquanto recusava uma cerveja, segundo ele, bem gelada e que ele também garantiu que pagaria.

No final da noite, ele te levou em casa para sua própria proteção. Abriu a porta do carro e lhe deu a mão para que você não tropeçasse em suas sapatilhas ensopadas pela chuva. Você se sentiu como uma daquelas mocinhas em filmes gravados em New York com direito a beijo mágico, fogos e trilha sonora. Ele disse que foi especial e que ficou feliz por você ter respeitado e entendido os defeitos peculiares dele. Coisa que garota nenhuma tinha feito antes.

Logo após o beijo de despedida, ele disse que te ligaria quando chegasse em casa. Ele prometeu, afinal, você não queria ficar preocupada e ele não deixaria de forma alguma de ouvir sua voz antes de dormir.

Ele não mandou mensagem, tampouco ligou. Nunca mais.

Esse é o momento do texto em que você começa a lembrar de todas as ligações amáveis e mensagens que ele te mandou antes do encontro. É também a parte em que você se identifica e se odeia por ter caído na lábia desse, segundo você "idiota, babaca, canalha e cafajeste filho da mãe". Há muito deles espalhados por aí, fazendo com que meninas como você se sintam a pior das piores, gordas, malvestidas, horrorosas... E não para por aí! Todos os adjetivos que parecem infinitos, podem ser comparados a sua raiva e as lágrimas de arrependimento. Ou ódio. Só por você. 

De um jeito que eu não entendo como funciona, toda a culpa que você deveria jogar no "idiota", fica para si mesma. Intocável. Você se faz de egoísta e deixa estar. Mas se quer saber, o que vou escrever aqui é exatamente para você aí do outro lado do país, da cidade ou quem sabe, mais perto do que eu imagine e que esteja passando pela mesma coisa.

Preparadas para anotar? Então vamos lá: a culpa não é e nunca foi sua. Vai parando de se colocar para baixo dessa forma brusca e trate de colocar um ponto final nessa confusão que o cafajeste criou na sua cabeça e deixou de brinde, mas daqueles brindes bem mixurucas mesmo para você.

Não se culpe se ele visualizar sua mensagem no Facebook e não responder um mísero "quem é você, mesmo?". Ou por ele, uma semana depois, ter chegado na sua conhecida ou amiga. Que tal encarar pelo lado em que você é boa demais para ele? Aposto que você jamais cogitou essa possibilidade, mas é a mais pura verdade. Assim como as mulheres, os homens também são inseguros e tem tanto medo quanto as mulheres de se aproximar e dizer um simples "oi".

Vamos aos fatos: você é linda! Não discorde de mim e muito menos da verdade. O espelho não tem nada a ver com isso, portanto não me interrompa e deixe que eu continue. Além da beleza, é dona de qualidades invejáveis. Defeitos: quem não os tem, não é? Se veste bem, sabe se portar e conversar. Qual é o cara que não se aproximaria de você? E eu não estou falando só de interesse físico, do tipo "pegação"! Na verdade, muitos caras se sentiriam sortudos e privilegiados se tivessem cinco minutos da sua atenção. 

Então, antes de sentir mal, postar frases melancólicas no Twitter para todo mundo ver e ouvir o CD da Taylor Swift até arranhar, pare, pense e reflita consigo mesma: quem é o culpado? Há culpado? Ele é realmente um cafajeste? Será que eu realmente gostei dele, ou ele só feriu o meu pobre ego? Rolou química?   Ele faz o meu tipo, ou só é um rosto bonito? 

Da mesma forma que você dispensou aquele cara perfeito, porque simplesmente não sentiu nada por ele, você pode ter sido dispensada pelo simples fato de não ter "rolado". Ninguém é obrigado a nada, e você também não pode e nem deve se sentir obrigada a achar que é culpa sua ou que é um tipo de castigo divino.

Um comentário:

Tuane Santos disse...

Adorei o texto e infelizmente existem caras do tipo que aparecem em nossas vidas.... Vamos sorrir e pegar coisas do tipo como aprendizado, afinal tudo tem um pq... ;)

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