28 de maio de 2013

Aquele livro que eu já li

My memories of you

Outro dia desses, quando estava faxinando a casa, encontrei em meio a minha coleção de livros, o primeiro livro que ganhei de alguém. Senti um arrepio tão grande que não pensei duas vezes: larguei o pano empoeirado, peguei o livro e desci da escada.

Passei a mão umas duas ou três vezes para conseguir ler o título do tal livro com clareza. Eu já tinha lido e sabia que livro era aquele, não era tola ou cega. Mas relembrar os momentos de leitura fascinantes que tive no passado era tão maravilhoso que nem parecia real. A sensação de segurá-lo em minhas mãos novamente era mais parecida com aquelas ficções que te prendem e você, por fim, acaba se apegando.

A faxina foi perdendo espaço e tempo para toda a nostalgia que me tomou. Devagar, fui me acomodando na bagunça e folheando o livro de pouco em pouco. Trechos importantes e grifados, dedicatória, partes emocionantes e por fim, o fim.

Confesso que foi estranho sentir aquela pontinha de dor. A vontade é que o livro fosse eterno mesmo, assim como o romance que nele era narrado. Eu não sabia que aquela última página seria a última. Queria poder voltar no tempo e começar de novo. De novo, de novo e quantas vezes mais eu tivesse vontade.

As horas foram passando, terminei de arrumar minha coleção de livros e reparei que ainda restavam quatro livros novos que esperavam ansiosos por mim. Passei tanto tempo sentindo a dor do fim do tal livro marcante que nem reparei que a fila tinha que andar. Isso sempre é ruim, afinal de contas, quantas outras histórias magníficas podem me surpreender enquanto estou apegada ao passado?

Pois bem: é exatamente isso o que acontece com você e o fulaninho lá. O tal do passado, sabe? Você pode estar confusa, já que até agora eu estava falando sobre livros, arrumação e poeira, mas é a mesma coisa. Aposto até que, bem lá no fundo, você nem leu a palavra "livro" e só conseguiu associar o rumo dos fatos ao que você sente ao revirar o passado e como tudo isso, toda essa loucura, faz com que aquelas cicatrizes voltem a doer.

Se você me perguntar o que fazer, eu digo que faxine. Vai limpando, purificando a alma sempre que puder. Mude as coisas de lugar, se necessário. Um pouco de lavanda ali e aqui faz bem também. E pode acontecer de, uma hora ou outra, você esbarrar naquele "livro". Respire fundo, mas não se deixe contaminar pela poeira irritante do passado. Há muitos outros livros a serem lidos e muitas outras histórias a serem vividas. E por você.

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