17 de fevereiro de 2013

Nós somos "só" amigos


Meu ex não para de me ligar. A caixa de entrada do celular só tem o nome do indivíduo, mas deve ser porque ele mesmo jura de pés juntos que eu e você temos algo. Minha mãe entrou no debate e acha que eu parei de comer por sua causa. Já minhas amigas, acham que todas as minhas postagens nas redes sociais são um sinal de que eu passei a te chamar de "amigo" pra ter uma desculpa pra te ter. Mais perto.

A minha solidão combinou com a sua e nossas almas não se desgrudaram mais uma da outra.

Não faz nem dez anos que te conheço, e minha vida está perfeitamente escrita na palma da sua mão. Fico me perguntando se você a tem, também. Já sabe cantarolar meus sonhos, segredos e medos sem ajuda de cola ou decoreba. Coisa que nem minha mãe ou meu travesseiro conseguem fazer.

Eu sei o seu vilão de desenho animado favorito e conversamos sobre a sua mãe quando se sente seguro para isso. Um dia, espero conhecê-la para falarmos das caretas que você faz quando está com raiva de algum fulaninho ou de como você fica fofo quando está sério. Pede pra ela esquentar a água do café e separar os álbuns de fotos, que eu já estou chegando.

Enquanto a gente vai se desvendando, se conhecendo, se descobrindo a cada mover de dedos ou expressão no olhar, os caras do cursinho nos olham como se eu fosse a ovelha e você o lobo prestes a me devorar. Como se eu estivesse em perigo só de trocar olhares, como se fôssemos a Bella e o Edward bem na frente de todos.

Eles não te conhecem, como eu te conheço e você me conhece. Tão bem que me assusta, mas isso não te surpreende.

Apesar de todas as indagações alheias, o nosso mistério não tem final e nem é surpreendente. Podemos culpar o destino se o próprio nos conectou e mais nada. Foi sorte você ter falado comigo e mais sorte ainda, o volume da música que eu estava ouvindo não ser o suficiente para que eu não te respondesse que horas eram. Você estava com aquela jaqueta que, semanas depois, me emprestou pra que eu não pegasse aquele temporal que caiu sem avisar. No dia seguinte você quis me matar, porque quem ficou resfriado foi você e eu só conseguia rir do seu nariz vermelho.

Gosto de como trocamos bilhetes no meio da aula como se fosse a coisa mais comum do mundo. Dispensamos os celulares sem pensar! Somos tão a moda antiga que o barulho do papel de caderno rasgando é música para nossos ouvidos. Lembro de segurar o riso por diversas vezes e ainda sim, conseguir responder perfeitamente todas as perguntas que Sr. Brazão fazia. Obrigada por aniquilar qualquer chance que eu viesse a ter com algum carinha da sala, afinal, que cara fica trocando bilhetes com uma menina e à toa?

Você.

Se você lesse isso e me perguntasse, eu não tomaria partido. Claro, você é meu amigo, me entende e já conversamos sobre nossas desilusões amorosas e traumáticas. Mas... poxa, você é ele. E sabe o suficiente sobre mim pra me deixar atormentada com as coisas que diz. Isso seria pra me provocar? Porque se for, temos um ganhador.

Sempre soube que tínhamos algo que até hoje, eu não sei o que é, mas é. Provavelmente o seu andar ou o jeito como me olha de canto de olho quando eu estou concentrada. Deve ser por isso que algo dentro de mim grita por você. Mas não devo e não posso. Não posso me arriscar e muito menos, arriscar minha solidão segura com você. Você sabe da minha zona de conforto.

Meus outros amigos dizem que você é gay. Ou inseguro. E que eu tenho que desaparecer com meu humor de carranca. Minhas amigas, minha mãe, a torcida do Flamengo, do Fluminense e até a do Botafogo, dizem que você sente o mesmo por mim. Mas eu rio, porque é bobagem de quem ama e quer te animar.

Eu te amo, mas é só isso. O seu "só" combinou com o meu "sozinha", e a gente vai se completando, se curando e eu espero me curar de você, mas nunca me separar do "nós" que existe bem aqui. Em algum lugar das minhas palavras, ou do meu coração.

Um comentário:

George Wallace disse...

NIIICE!
Como sempre mandando muito bem, girl!
:)

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