22 de fevereiro de 2013

Trinta


Vinte e seis. Talvez, vinte e nove. Não sei ao certo, mas dezenove ou vinte eu sei que ele não tem. Por alguma piada do destino, parou do lado da minha mesa e perguntou se podia se juntar a mim. Fui contrariada e surpreendida nos primeiros cinco segundos, pois ao contrário do que achei, não exalou pretensão ou aquela velha conhecida imaturidade dos caras, ops garotos com que eu havia me relacionado antes.

Sério, estupidamente charmoso e, ao mesmo tempo, envolto por um ar proibido e arriscado que eu não poderia explicar. Quem sabe sejam meus míseros, indefesos e recentes dezoito anos ou a cara dele de quem ouve Strokes e Jazz.

Piscar de olhos, mais uma expressão e firme para a coleção, e cigarro entre os dedos. Merda! Por que? Ah, se ele soubesse o quanto eu abomino cigarro. Por que? Tem culpa não. Culpa mesmo é do seu companheiro de trabalho que quase arruinou o negócio do ano com a empresa X e o cigarro é a sua válvula de escape. Mas só por hoje.

O jogo de luzes me deixa bêbada. Não posso deixar de agradecer a mim mesma por ainda permanecer imóvel e sentada no mesmo lugar do começo da história. E a ele também, por ter feito com que eu fincasse meu interesse e minha atenção neste mesmo lugar, em meio a copos vazios de fanta laranja e guardanapos rabiscados.

"Quantos anos essa garota tem? Oito?", ele deve estar pensando.

E se eu apostasse em postura e expressão blasé? Vou aproveitar e pedir algum drink com nome complicado ou que tenha duplo sentido. Vai que... sei lá, ele não suspeita? 

Joga cabelo, postura, carão, estalar de dedos e um "por favor, um Harvey Wallbanger".

De repente, aquele movimento constante dos dedos dele fazendo com que o cigarro dançasse nestes mesmos para. Quase engasgo com o maldito drink e fico tonta rápido. Luzes, álcool e uma versão real do Christian Grey.

Continua...

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