— Finalmente! Pensei que eu teria que me contentar com suas mensagens de texto. Já faz um tempo que não vejo suas sapatilhas saltitando por aí, com você.
— Digo o mesmo! Quero dizer... não o mesmo sobre as sapatilhas, mas tudo bem. Nossa! Você fez a barba? Sério?
— Pois é... meus pais e meus amigos forçaram tanto a barra que, você sabe...
— Ah, poxa... eu gostava dela um pouco... maior.
— O que? Estou horrível?
— Nada de opinar sobre sua falta de barba que faz falta. Juro, ficarei quieta.
— Sério?
— Juro e de mindinho. Combinado?
— Saudades da sua ironia, garotinha.
— Saudades da sua barba!
— Você prometeu!
— Você também.
Eu não queria ter dito aquilo, mas foi. Antes que eu pudesse e fizesse tudo voltar da boca de onde veio, foi. E não havia nada para mudar ou repensar. Não dava mais para voltar ou negociar a indireta mais indiscreta de todas. Eu disse. Estava engasgado em cada ligação sua de quinze segundos e nas chamadas não atendidas.
Foi aí, exatamente aí que eu precisava mais de você. E aí, acabou.
Talvez ele nem tenha percebido, mas mesmo depois de quase um ano, as lembranças dos sábados à noite em casa e sem namorado, não eram das melhores. Era praticamente aterrorizante ser "a sozinha" do grupo de melhores amigas. E seus namorados: patéticos, sem educação e um pingo de masculinidade quando em grupinhos também patéticos. Mas tudo era melhor que nada. Ele não estava ali para encará-los em silêncio, pensando em como todos eram tão homossexuais e infantis, agindo como babuínos. Se estivesse, estaria em seus jeans surrados e camisa social para fora da calça. Você não seguia regras... talvez seja por isso que eu tenha saído machucada nessa história.
Enquanto você estava se divertindo com os amigos da universidade e sua ex pagando de amiga, lá estava eu, o DVD da Taylor Swift, que cantava sobre o John Mayer, que foi quem deixou ela sozinha em seu melhor vestido de festa largada em um chão frio e sujo. Aí está! Agora tudo faz sentido: você é o John e eu a Taylor. Você continua maravilhoso, ganhando admiradoras e eu não sou tão loira. E mesmo que um pouco desafinada, não vou deixar de contribuir. Ajudar o mundo, sabe? Deixá-lo melhor e avisado sobre você. É, você. Chega de destruir corações! É, dessa vez você limpa sua sujeira. Essa é minha hora de ir, e te deixar como você me deixou.
Hora do troco. Do salto alto, das horas trabalhando feito louca e dos pagodes para morrer de rir com as amigas. Choramingar pelos cantos está fora de moda e minha maquiagem é a prova d'água assim como meu coração remendadinho é a prova, principalmente, de você.
Era uma vez, você. Agora é minha vez.
— Como assim?
— Ah, nada. Deixa.
Me deixa, vai? Antes que eu te pague com balinhas... de verdade.
2 comentários:
Eu me identifiquei tanto com o texto que poderia dizer que descreveu tudo o que eu sinto. Forma linda de expor sentimentos e dá pra sentir a sinceridade e ardor das coisas por trás das palavras.
Surgiram várias identificações ao longo do texto. Não completo mas em fragmentos. Já te disse que adoro o jeito que você escreve?
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